Voltar
Amora-Preta: nova opção para a diversificação das propriedades frutícolas
A fruticultura é uma das atividades aglutinadora de mão-de-obra, nas diversas atividades inerentes ao pomar, como podas, desbastes, raleio e colheita. A atividade frutícola consegue gerar mais empregos diretos e indiretos do que qualquer indústria, hoje tão procurada pelas prefeituras para geração de impostos.
A recomendação de alternativas de produção para o agricultor é de suma importância. A preferência por alimentos, tecnologia e processos produtivos não agressivos ao ambiente serão intensificados, sendo valorizadas, portanto, as tecnologias limpas e técnicas de produção orgânica.
Dentre as várias opções de espécies frutíferas com boas perspectivas de comercialização, surge à amora-preta (Rubus sp.) como umas das mais promissoras.
A amora-preta é uma das espécies que tem apresentado sensível crescimento nos últimos anos no Rio Grande do Sul e tem elevado potencial para o Sul de Minas Gerais.
A amora preta, assim como a framboesa, faz parte de um grande grupo de plantas do gênero Rubus. Este gênero pertence à família Rosaceae, onde existem outros gêneros de importância para a fruticultura (Malus – maçã, Prunus – pêssego e ameixa, Pyrus – pêra, Cydonia – marmelo, entre outros).
A amora-preta é uma espécie arbustiva de porte ereto ou rasteiro, que produz frutos agregados, com cerca de 4 a 7 gramas de coloração negra e sabor ácido a doce-ácido. Apresentam em suas principais variedades comerciais espinhos, que exigem do operador da colheita muito cuidado com sua integridade física e com a qualidade do fruto. São plantas que só produzem em ramos de ano, sendo após a colheita eliminados, enquanto alguns ramos estão produzindo, outras hastes emergem e crescem renovando o material para a próxima produção.
No Rio Grande do Sul, a amora-preta tem tido grande aceitação pelos produtores, devido ao seu baixo custo de produção, facilidade de manejo, rusticidade e pouca utilização de defensivos agrícolas. A produtividade pode alcançar até 10.000 kg/ha/ano sob condições adequadas. No Estado de São Paulo, a região de Campos do Jordão é a mais representativa e em Minas Gerais os primeiros plantios estão sendo realizados em Caldas, Baependi e Barbacena. Regiões de clima temperado de altitude (superiores a 1.000 metros) são as preferencialmente exploradas.
As frutas podem ser usadas para consumo ‘in natura’ ou industrializados na forma de sucos naturais e concentrados, fruta em calda, polpa para sorvetes, corantes naturais e produtos geleificados, como geléias e doces cremosos. Além dessa versatilidade, a tecnologia de industrialização é simples e acessível.
Outra característica peculiar são suas propriedades nutraceuticas. A amora-preta ‘in natura’ é altamente nutritiva. Contém 85% de água, 10% de carboidratos, com elevado conteúdo de minerais, vitaminas B e A e cálcio.
Além
destas características, praticamente não
necessita de insumos químicos, sendo ótima opção
para o cultivo orgânico, com propriedades
nutricionais e medicinais dos frutos.
Informações
mais recentes de pesquisas, têm demonstrado um
maior potencial na utilização da amora preta
como um corante artificial. Uma das
grandes descobertas é que o uso da amora preta
vem se expandindo para fins medicinais, como uma
planta anti-cancerígena, pela ação do
ácido elágico e também no combate a osteoporose,
devido a sua concentração elevada de cálcio
(46mg/100g fruto).
Outra utilização crescente,
é como tônico muscular nas práticas
desportivas, pois alto teor de potássio é encontrado no fruto (245mg/100g fruto). O
fruto da amoreira é depurativo do sangue, anti-séptico,
vermífugo, digestivo, calmante, diurético,
laxativo, refrescante, adstringente, etc.
Poderosas propriedades anti-oxidantes por
sua combinação de vitaminas C com E. A
amora preta contém pectina em abundância, uma
fibra solúvel que ajuda a reduzir os níveis
de colesterol no sangue. E muito recomendável
aos que tem o organismo saturado de ácidos,
como os que sofrem de reumatismo, gota,
artrite, etc.
O suco de amora, quente, adoçado
com mel, tem bons resultados em casos de afecções
da garganta, amidalite, rouquidão, inflamação
das cordas vocais, das gengivas, aftas, etc. As flores
frescas são diuréticas e muito úteis no
tratamento das vias urinarias.
A amora preta se encontra
entre os alimentos que ajudam a diminuir o
colesterol. De acordo a um estudo publicado pela
revista Jornal of Neuroscience, as propriedades
nutritivas das amoras pretas conservam o equilíbrio,
a memória e a coordenação motora das pessoas
de idade avançada.
Existe um número elevado de
espécies dentro do gênero, perto de 300. Sua
origem não é muito definida (provavelmente da
Ásia, introduzidas na Europa por volta do século
XVII), possuindo características de adaptação
climática muito variadas, podendo encontrar
cultivaros com exigência de frio (abaixo de 7,2
C) desde 100 horas ate 1000 horas/ano para
quebra de dormência.
A amora preta se desenvolve bem em
diversos tipos de solos, mas bem drenados, com
pH entre 5,5 a 6,5. Pode-se utilizar irrigação,
desde que sem exagero. É de porte ereto ou
rasteiro, podendo atingir ate 2 metros de
altura. As podas são necessárias para limpeza
e frutificação. A longevidade é de 15 anos.
Propagação
A propagação da
amoreira-preta se faz através de estacas de raízes
(CALDWELL, 1984) as quais estas, por ocasião do
repouso vegetativo, são preparadas e enviveiradas
em sacolas plásticas.
Podem também ser usados
brotos (rebentos), originados das plantas
cultivadas. O uso de estacas herbáceas é uma das
alternativas viáveis (RASEIRA et al., 1984; PERUZZO
et al., 1995). Além destes, a multiplicação através
da cultura de tecidos já é bem conhecida.
A
multiplicação através de perfilhos retirados das
entrelinhas de cultivo pode ser realizada, em muitos
casos não há número suficiente de mudas e estas
normalmente estão com tamanhos irregulares, além
do estresse que pode ser causado no sistema
radicular da planta-mãe.
O perfilhamento da cultura
é elevado, aparecendo muitas brotações, entre as
linhas de plantio, que devem ser sistematicamente
eliminadas para que se evite a obstrução do
deslocamento de pessoal e máquinas pela cultura.
Os
perfilhos eliminados podem ser utilizados como
mudas. WALDO (1977) relata que formas de
amoreira-preta com espinhos, na costa do pacífico
norte da América do Norte, Austrália e Nova Zelândia,
são ’pragas’, sendo ’Himalaya’ (Rubus
procerus P.J. Muell.) uma da plantas daninhas mais
agressivas.
Segundo PERUZZO et al. (1995), a
multiplicação rápida de mudas de amoreira-preta
pode ser conseguida através do enraizamento de
estacas herbáceas, sob nebulização e preparadas
com quatro a cinco gemas, sendo que a produção de
mudas por este método pode ser conseguida durante
todo o período de crescimento da planta matriz.
STOUTEMYER et al. (1933) citam como método rápido
de propagação da amoreira-preta e framboeseira a
utilização de um pequeno segmento da haste da
planta com gema foliar, colocadas sob nebulização
e em substrato constituído por areia.
A utilização
de estacas lenhosas na propagação da
amoreira-preta não é uma prática usual,
entretanto, após o período de dormência, face à
poda realizada, obtém-se um grande número de
estacas. Caso estas estacas possuam bom potencial de
enraizamento, podem ser utilizadas para este fim.
ANTUNES et al. (2000a) trabalhando com estacas
lenhosas de amoreira-preta, observaram que a
cultivar Caingangue apresentou maior vigor em
desenvolvimento que as demais cultivares testadas,
refletindo em maior peso seco de parte aérea (2.060mg)
e raiz (660mg).
Os maiores porcentuais de
enraizamento e brotação foram, respectivamente das
cultivares Brazos (97,9; 97,9), Guarani (95,8;
93,7), Tupy (93,7; 97,4), Caingangue (93,7; 95,8) e
Ébano (89,5; 93,7). As cultivares Comanche e
Cherokee e seleção 97 apresentaram resultados
inferiores a 50% em todas as características
avaliadas.
Cultivares
Os principais cultivares para o Brasil são: ‘Xavante’ e ‘Ébano’ (sem espinhos), ‘Guarani, ‘Tupi’, ‘Choctaw’, ‘Comanche’, ‘Cherokee’, ‘Caingangue’ e ‘Brazos’.
Há mais de duas décadas, a Embrapa Clima Temperado vem conduzindo um programa de melhoramento da amora-preta, tendo lançado as cultivares: Ébano, em 1981; Negrita, em 1983; Tupi, em 1988; Guarani, em 1988; Caingangue, em 1992; e Xavante, em 2004 (Raseira, 2004). Nesse período, as cultivares Brazos, Comanche e Cherokee foram introduzidas no País pela Embrapa Clima Temperado e recomendadas aos produtores. Essas três cultivares são provenientes dos Estados Unidos, sendo a ´Brazos´ da Universidade Texas A&M e a ´Comanche´ e a ´Cherokee´ da Universidade de Arkansas (Stafne & Clark, 2004).
As cultivares Tupi, Guarani, Caingangue, Cherokee e Xavante são mais indicadas para os produtores que objetivam o mercado in natura, devido à menor acidez das frutas, enquanto as cultivares Ébano, Negrita, Brazos e Comanche à industrialização. As cultivares Negrita, Tupi, Guarani, Caingangue, Brazos, Comanche e Cherokee possuem espinhos, enquanto as cultivares Ébano e Xavante não os apresentam, o que facilita os tratos culturais e a colheita, porém, normalmente, diminui a resistência das cultivares ao ataque de pragas. A cultivar Ébano é a que necessita de maior número de horas de frio para produzir, as cultivares Comanche e Cherokee apresentam exigência intermediária, enquanto que a ´Negrita´, ´Tupi´, ´Guarani´, ´Caingangue´, ´Xavante´ e ´Brazos´ são menos exigentes, podendo ser plantadas em regiões mais quentes. Maiores informações sobre as cultivares podem ser obtidas em Stafne & Clark (2004) e Raseira (2004).
Ébano- Selecionada em 1977,
na antiga UEPAE de Cascata, foi testada com
Black 44. Originou-se de uma população F2, do
cruzamento entre as variedades ’Comanche’ x
(’Thronfree’ x ’Brazos’) realizada na
Arkansas Agricultural Experiment Station,
Universidade de Arkansas (EUA). Planta de hábito
semi-ereto, livre de espinhos, possui hastes
vigorosas. Apresenta frutas de tamanho grande (6
a 7g) e razoavelmente firme, ácidos, maturação
desuniforme (BASSOLS & MOORE, 1981 a, b;
RASEIRA et al., 1984).Na região de Pelotas e
Canguçu (RS), a colheita é realizada de
dezembro a fim de janeiro ou início de
fevereiro. É recomendada para regiões com acúmulo
de frio em torno de 400 horas (NUNES &
GONSALVES, 1981).
Negrita- Oriunda de sementes
introduzidas da Universidade de Arkansas, EUA,
em 1975, como A-771. Foi testada como Black 32,
sendo proveniente do cruzamento entre
’Comanche’ x (’Thronfree’ x ’Brazos’).
Foi selecionada devido à firmeza das frutas e
ao porte ereto das plantas. A densidade de
espinhos entretanto é alta. Cultivar destinada
à industrialização, foi lançada em 1983 pela
EMBRAPA Clima Temperado (RASEIRA, 1999 –
informe verbal).
Tupy- Resultado do cruzamento
entre as cultivares ’Uruguai’ x ’Comanche’,
realizado na EMBRAPA Clima Temperado em 1982, os
"seedlings" foram avaliados no campo
experimental, sendo que a seleção C.4.82.5 deu
origem à cultivar. A variedade ’Tupy’
apresenta plantas de porte ereto, com espinho.
Produz frutas grandes (6 gramas), coloração
preta e uniforme, sabor equilibrado em acidez e
açúcar, consistente e firme, semente pequena,
película resistente e aroma ativo. Durante três
anos de avaliação produziu 3,8kg/planta/ano no
Rio Grande do Sul. É recomendado para o consumo
in natura pelo fato de apresentar baixa acidez
(SANTOS & RASEIRA, 1988).
Guarani- Foi selecionada no
Brasil a partir de cruzamento realizado nos EUA
(Arkansas) entre as variedades ’Lawton’ x
(’Darrow’ x ’Brazos’) x (’Shaffer Tree’
x ’Brazos’), sob o número 799-8. Planta de
porte ereto, com espinhos, vigorosa, produz
frutas de coloração preta, tamanho médio
(5g), firme, película resistente, aroma ativo.
Durante quatro anos de avaliação, na região
de Pelotas (RS), produziu 3,6kg/planta/ano. É
recomendado para o consumo in natura e
industrialização (SANTOS & RASEIRA, 1988).
Caingangue- Originária de
uma população F2, do cruzamento ’Cherokee’
x ’Black 1’ (’Shaffer Tree’ x ’Brazos’),
denominada C.3.82.16, foi lançada em 1992 pelo
CPACT. Planta vigorosa, ereta, com presença de
espinhos e boa capacidade de multiplicação.
Apresenta brotação na primeira dezena de
agosto; floração plena na primeira dezena de
outubro e produção da segunda dezena de
novembro a segunda de dezembro. Sabor
equilibrado entre ácidos e açúcares; fruta
firme e de aroma ativo. Pouco exigente em frio,
sendo recomendada para regiões com
disponibilidade em torno de 200 horas de frio
hibernal (RASEIRA et al., 1992).
Aspectos fenológicos
Sendo planta exigente em
frio, os aspectos fenológicos da amoreira-preta
podem variar de ano para ano, em função desta
exigência em frio ter sido ou não satisfeita.
Nas condições do Rio Grande do Sul, a cultivar
Ébano inicia a floração na segunda quinzena
de outubro, estendendo-se até o início de
novembro, sendo que o período de colheita vai
de meados de dezembro a início de fevereiro (BASSOLS
& MOORE, 1981a/1981b; NUNES & GONÇALVES,
1981; EMBRAPA, 1981).
Segundo RASEIRA et al.
(1992) a variedade Caingangue, em Pelotas (RS),
tem plena floração na primeira dezena de
outubro e período de produção da segunda
dezena de novembro à segunda dezena de
dezembro, com produção média de 3,45kg/planta
e peso médio de 5,6g/fruto.
A floração da ’Tupy’,
no Rio Grande do Sul, dá-se do final de agosto
à segunda dezena de setembro e a colheita na
terceira dezena de novembro à segunda de
dezembro (SANTOS & RASEIRA, 1988).
Já a
’Guarani’ tem floração durante todo o mês
de setembro e primeira dezena de outubro, com
período de colheita estendendo-se pelo mês de
dezembro (SANTOS & RASEIRA, 1988). Em
contrapartida, PERUZZO et al. (1995) observaram,
em Videira (SC), que a cultivar Brazos iniciou a
floração na segunda dezena de setembro e
’Caingangue’ na terceira dezena.
’Tupy’,
’Comanche’, ’Guarani’, ’Cherokee’ e
’Ébano’ floresceram durante o mês de
outubro. Sendo que a produção estendeu-se da
segunda dezena de novembro até a terceira
dezena de janeiro.
No Planalto de Poços de
Caldas, Minas Gerais, as variedades Brazos e
Comanche são as mais precoces tanto em floração
como em produção. A variedade mais produtiva
foi Brazos (5,3kg/planta), seguida de Guarani
(4,7kg/planta), Tupy (3,6kg/planta) e Comanche
(3,4kg/planta), sendo que a primeira foi a mais
vigorosa em produção de material vegetal
(ANTUNES et al., 2000b).
A produção concentrada
de amoras a partir de novembro, nos principais
estados produtores, causa redução de preço,
devido ao maior volume ofertado. A antecipação
da oferta de frutas, seja pelo manejo da
cultura, seja pelas condições climáticas
existentes numa região, pode criar uma
oportunidade de mercado bastante favorável ao
produtor rural.
Sistema de cultivo
A amoreira-preta desenvolve-se bem em solos drenados e medianamente ácidos (pH 5,5 a 6,5). O manejo das plantas é simples, devendo-se tomar maiores cuidados com a adubação, controle de invasoras, podas de limpeza e desponte e, particularmente com a colheita, devido à elevada sensibilidade dos frutos.
Algumas dos cultivares plantadas no Brasil necessitam de tutor para suportar o peso das hastes e da produção. Normalmente, isto é feito através de um sistema de espaldeira dupla.
Doenças e Pragas
Uma das principais doenças da cultura é a antracnose [Elsinoe veneta (Burkh) Jenkins], podendo levar à morte das hastes de frutificação. Outra doença bastante importante na cultura é chamada de enrosetamento [Cercosporella rubi (G. Wint) Plakidas], que ataca cultivares de crescimento ereto e decumbentes, sendo limitante para o gênero Rubus. Os sintomas são o aparecimento de rosetas que podem resultar numa mudança de fenótipo da planta, provocando redução de produção, da qualidade das frutas e em casos severos, até a morte da haste.
A presença de ferrugem nas folhas e podridões causadas por Botrytis nas frutas, são bastante comuns na época das chuvas, mas não vem a causar sérios problemas em pomares bem manejados.
Quanto a pragas, a incidência de ácaros e lagartas propiciam o enrolamento das folhas.
Segundo MOORE et al. (1974 a,b), as
cultivares Cherokee e Comanche são
moderadamente resistentes à antracnose causada
por Elsinoe veneta veneta, não sendo observado
a ocorrência de ferrugem (Kunkelia)
Comercialização e mercado
Entre as principais
características
desejáveis para uma cultivar visando o mercado
de frutas ’in natura’ estão a
produtividade, o tamanho e equilíbrio açúcar/acidez
das frutas, bem como a sua capacidade de resistência
ao transporte e armazenamento.
Em relação ao
ponto de colheita, este é determinado quando o
fruto estiver totalmente preto, devendo a
colheita ser realizada a cada dois a três dias
(BASSOLS, 1980; RASEIRA et al., 1984).
Quanto à
forma de comercialização, observa-se, no
mercado ’in natura’, a presença de
embalagens semelhantes às utilizadas para
morango, nas quais, em cada bandeja, são
ofertados em torno de 120 a 150 gramas de frutas
de amoreira-preta.
Já com destino à
industrialização, BASSOLS & MOORE (1981 b)
citam que, para a cultivar Ébano, as frutas
podem ser congeladas, enlatadas ou usadas para
adicionar cor e sabor a iogurtes e sorvetes ou
para o fabrico de sucos, observações estas,
que a princípio, serviriam para outras
cultivares.
A ausência de espinhos é também
uma característica desejável (PERUZZO et al.,
1995), uma vez que vários produtores adotam o
esquema em que o consumidor colhe a própria
fruta, como já experimentado com sucesso em
hortaliças, e mesmo com amoreira-preta, nos
EUA.
A amoreira-preta geralmente tem muitos
espinhos, mas esta densidade pode variar
consideravelmente entre cultivares, sendo que
algumas delas são totalmente desprovidas de
espinhos (ELLIS et al., 1991).
As informações
estatísticas sobre a produção e comercialização
de amora-preta, no Brasil, são muito escassas.
Entretanto, segundo a evolução de preços e
volume, apresentados pela CEASA-RS, a safra gaúcha
é iniciada em outubro, a US$ 2,54kg, reduzindo
paulatinamente a 1,90, 1,52 e 1,44
respectivamente em novembro, dezembro e janeiro.
Pode haver alguma oferta sazonal, como em agosto
de 1997, em que o preço do quilo da
amoreira-preta alcançou US$ 4,58, frutas estas
provenientes de São Paulo. O principal município
produtor gaúcho é Feliz
Aspectos da pós-colheita
MORRIS et al. (1981)
mencionam que, devido à estrutura frágil e
alta taxa respiratória de frutas de
amoreira-preta, sua vida pós-colheita é
relativamente curta, o que também é
corroborado por Hardenbug et al. (1986), apud
PERKINS-VEAZIE et al. (1997).
Estes mesmos
autores citam Clark (1992) quando relatam que a
firmeza do fruto colhido influencia na vida de
prateleira, haja visto que estes podem ser
facilmente danificados no manuseio facilitando a
infeccção por patógenos.
Segundo Hardenburg et
al. (1986), apud PERKINS-VEAZIE et al. (1993 /
1996), a recomendação usual de armazenamento
para amoreira-preta é de 2 a 3 dias quando
mantidas a 0oC. Contudo, estes mesmos autores
citam que Clark e Moore (1990), trabalhando com
cultivares eretas de amoreira-preta, mantiveram
os frutas com qualidade durante 7 dias à
temperatura de 5ºC.
Em frutos de amora-preta
conservadas sob atmosfera modificada, ANTUNES
(1999) observou que houve aumento do porcentual
de solubilidade de pectina e pectina solúvel,
para ’Brazos’ e ’Comanche’, durante o
armazenamento, ocorrendo redução de pectina
total e compostos fenólicos totais.
As
cultivares Brazos e Comanche conservaram-se
melhor em ambiente refrigerado (2ºC), podendo
ser armazenadas com qualidade até nove dias
depois de colhidas, a partir daí iniciam
processo de deterioração.
Frutas da cultivar
Comanche apresentaram melhores características
para a industrialização e conservação da
qualidade pós-colheita devido às maiores
concentrações de pectina total em relação às
de Brazos. Este autor sugere que, para a melhor
conservação dos frutos de amora-preta, seja
utilizado cadeia de frio em todo o processo pós-colheita.
Voltar
Fontes:
http://www.todafruta.com.br/todafruta/mostra_conteudo.asp?conteudo=12361,
às 21:59h; de 2 de fevereiro de 2008.http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/
Amora/ProducaodeMudasAmoraPreta/cap04.htm às 15:13 de 18 de março de 2008.
http://www.portaldoagronegocio.com.br/index.php?p=texto&&idT=935 às 13:45 de 16 de março de 2008.
Rafael Pio - Engenheiro Agrônomo, D.Sc., Professor Adjunto da Universidade Estadual do Oeste do Paraná-UNIOESTE, Marechal Cândido Rondon (PR). rafaelpio@hotmail.com
Edvan Alves Chagas - Engenheiros Agrônomos, D.Sc., Pesquisadores Científicos do Instituto Agronômico-IAC, Jundiaí (SP). echagas@iac.sp.gov.br
Wilson Barbosa - Engenheiros Agrônomos, D.Sc., Pesquisadores Científicos do Instituto Agronômico-IAC, Jundiaí (SP).wbarbosa@iac.sp.gov.br
Silvana Catarina Sales Bueno - Engenheira Agrônoma, D.Sc., Núcleo de Produção de Mudas de São Bento do Sapucaí/DSMM/CATI/SAA, São Bento do Sapucaí (SP). scsbueno@cati.sp.gov.br