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Panorama da fruticultura

O Brasil é um dos três maiores produtores mundiais de frutas, com uma produção que supera os 38 milhões de toneladas. A base agrícola da cadeia produtiva das frutas abrange 2,3 milhões de hectares, gera 6 milhões de empregos diretos ou seja, 27% do total da mão-de-obra agrícola ocupada no País, segundo dados de 2003. Este setor demanda mão-de-obra intensiva e qualificada, fixando o homem no campo de forma única, pois permite uma vida digna de uma família dentro de pequenas propriedades e também nos grandes projetos. É possível alcançar um faturamento bruto de R$ 1.000 a R$ 20.000 por hectare. Além disso, para cada 10.000 dólares investidos em fruticultura, geram-se 3 empregos diretos permanentes e dois empregos indiretos. O valor bruto da produção de frutas atingiu em 2003 cerca de 12,3 bilhões de reais, 13% do valor da produção agrícola brasileira.


A maçã é a fruta de clima temperado de maior importância comercial como fruta fresca, tanto no contexto nacional, como no internacional (ABPM, 2003). No Brasil, na safra 2003-2004, a fruta obteve a maior produção da história, com 977.863 toneladas (IBGE, 2004). Concentrada na região Sul, cerca de 31% da produção é de ’Fuji’ e 30% de ’Gala’, com expressivo crescimento dos clones melhorados, com aumento de 82% de clones de ’Fuji’ na safra 2003-2004, em relação à de 2002-2003, e de 77% dos clones de ’Gala’,
para este mesmo período (ABPM, 2004). A cultivar Royal Gala é uma mutação espontânea da ’Gala’, introduzida comercialmente em 1974, apresentando frutos de coloração vermelho-estriada brilhante. A cultivar Suprema é uma mutação somática de um ramo de ’Fuji’, apresenta frutos bastante vermelhos, sendo que esta coloração cobre mais de 80% da superfície do fruto. Ambas as cultivares são muito suscetíveis ao ataque de insetos-praga, doenças, especialmente a sarna, e distúrbios fisiológicos.

Estes fatores podem provocar depreciação na aparência dos frutos e modificar o sabor da polpa, reduzindo, conseqüentemente, o valor comercial da fruta in natura.

O desenvolvimento da cultura da maçã, no Brasil, nos últimos anos, é um exemplo real da possibilidade de substituição de importações e da ampliação do mercado interno e da conquista de mercado externo por produto de qualidade e competitividade.

No início do século XXI o potencial brasileiro de produção de maçã estabilizou-se em torno de 900 mil toneladas, o consumo interno estagnou ou passou a crescer a taxas muito baixas, enquanto as exportações atingiram seu pico em 2004, quando
ultrapassaram 153 mil toneladas e US$72 milhões.

A produção média mundial de maçã, no triênio 2003-2005, ficou em torno de 60 milhões de toneladas, mesmo valor observado no triênio 1999-2001. A China ampliou ainda mais sua hegemonia, conquistada quando sua produção de maçã evoluiu de 5 milhões para 21 milhões de toneladas em décadas passadas.

Apenas a evolução dessa produção, de 2003 a 2005, quase alcançou o total produzido do segundo colocado, os Estados Unidos. A média chinesa no período 2003-05 foi de 23,3 milhões de toneladas, correspondente a 39,1% do total, enquanto a média Americana foi de 4,3 milhões de toneladas (7,3%).

A Turquia ocupou a terceira colocação, representando 4,1% da quantidade total de maçã produzida no mundo, seguida pelo Irã, com 4,0% da produção média mundial em 2003-05, e Polônia com 3,9%.

A produção brasileira, com uma média de 886 mil toneladas, ocupou 13° lugar em importância no período 2003-05.

A pomicultura nacional se consolida tecnologicamente na década de 1990, ocupando basicamente a Região Sul do País (99,7% da produção, em 2004), composta pelos Estados de Santa Catarina (59,5%), Rio Grande do Sul (36,0%) e Paraná (4,2%). Depois de um crescimento de 392%, entre 1981 e 1991, a produção brasileira de maçã cresceu 153% entre 1991 e a média 2000/2001. É importante destacar que, durante esse período a evolução da área colhida ocorre a taxas menores (18% entre 1991 e a média 2000-01), enquanto os rendimentos passam a crescer a taxas maiores (114%, no mesmo período). No último triênio a área colhida manteve-se em crescimento, enquanto a produção sofreu variações em função de fatores climáticos que afetaram as produtividades.

As exportações mundiais de maçã saltaram de 3,8 milhões de toneladas, no período 1989-93, para 6,3 milhões de toneladas no biênio 2003-04. A expansão mais significativa ocorreu nas exportações chinesas, que aumentaram sua participação no comércio mundial da fruta de 1,6% para 11,0%, correspondendo à segunda colocação no último período.

A França, que era o maior exportador da fruta em 1989-93 (em quantidade), manteve-se em primeiro em 2003-04, embora com participação decrescendo de 16,0%, para 11,3%. Outrospaíses que se destacaram quanto à quantidade exportada foram: Chile (10,6%), Itália (9,9%) e Estados Unidos (8,2%).

Em termos de valor exportado, as melhores qualidades da maçã européia e americana definem uma nova classificação, vindo em primeiro a França (16,4% do valor total exportado no período 2003-04), seguida por Itália (12,4%), Estados Unidos (10,3%) e Chile (8,3%), com a China aparecendo apenas no oitavo lugar (6,7%).

Assim, enquanto a maçã francesa foi comercializada a US$0,83/kg, a chinesa alcançou apenas US$0,35/kg. O Brasil que, como a China, expandiu fortemente sua produção de maçã, no período considerado, teve seu papel no comércio internacional aumentado de 0,4% para 1,5%, entre 1989-93 e 2003-05. A fruta brasileira obteve um preço médio de US$0,48/kg no último período, superior ao dos seus concorrentes diretos, Chile (US$0,45/kg) e Argentina (US$0,42/kg).

Ao contrário, e em decorrência da substituição de importações brasileira, a participação Argentina no comércio mundial caiu de 5,4% para 3,2% no último triênio. A relação entre exportação e produção mundiais variou de 9,4% para 10,8%, indicando que a grande expansão da produção chinesa não se destinou apenas ao seu amplo mercado interno, mas resultou em incremento das suas exportações.

Além de crescer significativamente, durante a década de 1990, as exportações brasileiras de maçã também se diversificaram. Se em 1991 o Brasil exportou 97%, 58,5% para Holanda e 38,5% para o Reino Unido, restando apenas 3,0% para outros destinos; em 2005 treze países tiveram participações iguais ou superiores a 2% no valor das exportações brasileiras de maçã. A Holanda (29,1% da quantidade e 27,7% do valor da maçã exportada pelo Brasil) continuou sendo o principal destino, mas com importância relativa reduzida pela abertura da pauta a outros países. Reino Unido (15,0% da quantidade) e Alemanha (8,5%) mantiveram suas colocações enquanto outros compradores importantes apresentaram flutuações acentuadas que provocaram mudanças na classificação.

A Bélgica reduziu drasticamente suas compras de maçã brasileira, participação de 6,9% do total em 2001 para apenas 1,9% em 2005. Em contrapartida, a da Suécia aumentou fortemente saltando para o quarto lugar, com 9,0% da quantidade. Comportamento semelhante foi apresentado por Espanha (4,3% da quantidade e 6,3% do valor, indicando preço superior à média), França (5,1% da quantidade) e Finlândia (5,6%). Portugal, Irlanda e Itália mantiveram seus padrões de compras, enquanto Bangladesh e Dinamarca surgiram como novos compradores importantes.

Os Estados brasileiros responsáveis pela quase totalidade do volume exportado continuaram sendo Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O economista Sócio-Diretor da R & S Training Rural Ltda. e colunista do portal Agrolink, Rogério de Melo Bastos, mostra que a gestão da propriedade rural é fator imprescíndivel para o produtor se manter na atividade. Segundo Bastos, o setor agropecuário tem um dos maiores faturamentos do país, no entanto os produtores passam por sucessivas crises e parte delas poderiam ser evitadas com o gerenciamente correto.

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