MOSCA DO FIGO
Introdução
O primeiro registro publicado (Vilela, 1999) sobre a ocorrência de Zaprionus indianus Gupta, 1970 (Diptera:Drosophilidae), no continente americano, faz referência a exemplares observados em frutos de caqui, no município de Santa Isabel, SP, no dia 20 de março de 1999.
Nesta mesma época, durante a safra de figo (Ficus carica L.; Moraceae) da variedade roxo-de-valinhos da safra de 1998/99 na região de Valinhos (SP), foi constatada a presença de uma grande quantidade de pequenas moscas se alimentando e fazendo posturas na região do ostíolo dos figos em início de maturação. Uma grande quantidade de larvas foi também observada dentro de alguns frutos, tornando-os impróprios para o consumo humano. A análise do material pelo Departamento de Biologia do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, São Paulo (SP) confirmou que se tratavam da mesma espécie.
Esta mosca, supostamente de origem africana, foi recentemente introduzida no Brasil e tanto quanto se saiba, a espécie em questão não tem sido considerada, até o momento, uma praga na sua região de origem. Entretanto, após a sua recente invasão na América do Sul, dadas as condições favoráveis, este drosofilídeo africano parece ter atingido, ou estar atingindo, o status de praga na principal área produtora de figos do Estado de São Paulo.
Com a devolução de vários lotes de figos que foram exportados, estima-se preliminarmente que tenha havido uma perda da ordem de 50% da produção da última safra.
Distribuição
O gênero Zaprionus Coquillett, 1901 está composto atualmente por dois subgêneros e um total de 56 espécies, sendo que Zaprionus indianus parece ser a única que está se espalhando pelos trópicos do planeta, provavelmente devido à intensificação do comércio mundial de frutas. Ela ocorre por toda a África e já foi encontrada nas Ilhas Comores, Madagascar, Seychelles, Reunião e Mascarenhas no Oceano Índico, nas Ilhas Canárias e Santa Helena no Oceano Atlântico, Índia, Arábia Saudita e Brasil.
No Brasil há registro de ocorrência em várias localidades do Estado de São Paulo. Os figos produzidos na região de Valinhos são comercializados em todo o país e exportados in natura, o que permite supor que em pouco tempo esta mosca poderá estar amplamente disseminada.
Descrição
Zaprionus indianus é uma mosca de aproximadamente 2,5-3,0 mm de comprimento, de cor castanha, olhos vermelhos, apresentando na região dorsal da cabeça e tórax faixas longitudinais branco-prateadas bordejadas de estreitas faixas negras. Os ovos são de coloração leitosa, fusiformes, tendo em uma de suas extremidades 4 filamentos. A larva é pequena, vermiforme e sua coloração é branco leitosa no final da fase larval. O pupário é de cor castanha.
Biologia
Zaprionus indianus, como acontece com a maioria das espécies da família Drosophilidae, se alimenta fundamentalmente de bactérias e leveduras que participam da fermentação de substratos ricos em carboidratos, especialmente frutos em decomposição. As substâncias voláteis que se originam durante o processo de fermentação destes substratos funcionam como o principal atrativo para estas moscas. Deste modo, o substrato em fermentação é geralmente utilizado pelos adultos como local de alimentação, corte e oviposição, e pelas larvas, como sítio de desenvolvimento e, por vezes, de pupariação.
As primeiras observações sugerem que o período de incubação dos ovos esta ao redor de 24 horas. Algumas espécies de drosofilídeos podem colocar até 3.000 ovos em 70 dias. O ciclo de ovo a adulto esta ao redor de 15 a 20 dias e os adultos mantidos a temperatura de 22°C podem sobreviver por mais de 80 dias. Poucos dados biológicos desta espécie estão disponíveis na literatura.
Um comportamento peculiar foi observado nas fêmeas não-receptivas de Zaprionus indianus, que ao serem abordadas pelos machos que se aproximam, geralmente por trás, e que exibem algum comportamento de corte, vibram violentamente o corpo, permanecendo com as pernas fixas ao substrato e curvando simultaneamente a extremidade abdominal em direção ao cortejador. Esse comportamento geralmente repele os machos, impedindo-os de montar sobre as fêmeas. Por outro lado, esse comportamento peculiar que, de acordo com o nosso conhecimento, não é observado nas espécies do gênero Drosophila, provavelmente pode caracterizar as demais espécies de Zaprionus.
Hospedeiros
A mosca do figo já foi encontrada em 74 espécies botânicas de 31 famílias. Entre estas plantas, inúmeras são nativas do continente americano (abacate, abacaxi, cajá-mirim, goiaba, mamão) ou foram aqui introduzidas (banana, carambola , cítricos, manga, nêspera, figo). Nas nossas condições existe ainda a possibilidade dela se desenvolver em inúmeras frutíferas nativas.
Danos
Os ovos são colocados no ostíolo, geralmente por mais de uma fêmea, formando uma pequena massa , mesmo estando os frutos ainda verdes. Durante o período de incubação dos ovos, bactérias e leveduras trazidas pelos adultos se desenvolvem no ostíolo, propiciando a fonte de alimento para as larvas. Este processo de decomposição caminha do ostíolo para o interior do fruto possibilitando a penetração das larvas desta e de outras espécies de insetos, tornando os figos impróprios para o consumo.
Manejo
Existem poucos estudos de controle deste inseto, pois até recentemente não causava danos econômicos nas culturas. No entanto, alguns métodos de controle cultural podem ser empregadas no manejo, para reduzir a sua população:
• Limpeza dos pomares e seus arredores, mantendo as plantas de figo e outras frutíferas isentas de frutas em estágio avançado de amadurecimento e danificadas por insetos ou pássaros.
• Queimar ou enterrar qualquer tipo de vegetal (principalmente frutas e legumes) que possam entrar em estado de decomposição, pois podem constituir focos de criação da mosca.
• Não abandonar pomares de qualquer espécie com frutos maduros.
César Pagotto Stein
Édson Possidônio Teixeira
José Polese Soares Novo
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Receitas com figo
Data Edição: 30/01/03
Sindicato Rural de Jundiaí
Fonte: http://www.todafruta.com.br/todafruta/mostra_conteudo.asp? conteudo=1547 às 15:13 de 18 de março de 2008.